“Marcas da Infância” foi apresentada a pais de alunos em Rio Preto
O Projeto Eu Tenho Voz, do Instituto Paulista de Magistrados (IPAM), esteve na última sexta-feira (27) na Escola Estadual Professora Alzira do Valle Rollemberg, no bairro Parque Residencial Dom Lafaiete Libânio, em São José do Rio Preto, onde mais de 200 pais de alunos assistiram à peça “Marcas da Infância”, que orienta jovens sobre questões como abuso sexual, bullying e violência.
“O Projeto Eu Tenho foi um trabalho desenvolvido desde o ano passado aqui na escola, quando os nossos alunos assistiram à peça “Marcas da Infância” e agora o projeto voltou para conversar e mostrar a peça para os pais. Estamos muito gratos, e tenho certeza que vai ajudar a melhorar muito mais a convivência dos nossos alunos”, disse a diretora da escola, Sandra Regina Pereira.
O juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarin, esteva presente e ficou o tempo todo ao lado da idealizadora e coordenadora do projeto, 1ª vice-presidente do instituto, juíza Hertha Helena Rollemberg Padilha de Oliveira, que alertou os pais dos alunos sobre os abusadores estarem próximos aos jovens. “A verdade é que hoje, enquanto estávamos assistindo à peça, 4 meninas de 14 anos foram vítimas de estupro de vulnerável no Brasil. E onde isso acontece? Acontece dentro da casa da própria criança ou de alguém que é muito próximo dela. Nos locais onde há alguém de confiança e que a criança confia. Infelizmente essa é a estatística, 80% dos casos de estupro de vulnerável, tanto de menino ou de menina, acontece dessa forma”.
A juíza Hertha também explicou qual o perfil do abusador. “Há várias teorias psicológicas e psiquiatras do perfil de quem abusa de uma criança. Existem diferentes perfis, mas o que podemos dizer com certeza: não é normal um adulto sentir desejo sexual por uma criança, é uma perversidade, e quando isso ocorre é uma espécie de compulsão. Portanto quem faz isso, vai repetir toda vez que tiver chance. E a pessoa sabe o que está fazendo, que é crime e por isso faz escondido. Então costumamos dizer que por parte do abusador tem uma definição que se chama síndrome de adição, ou seja, que ele vai repetir o abuso toda vez que puder e tiver chance, e por parte daquela criança que é vítima tem o que chamamos de síndrome do segredo, porque ela não consegue contar o que está acontecendo”.
Por fim, a coordenadora do projeto ensinou aos pais o que deve ser feito para evitar situações de abuso. “Primeiro educar. Pai e mãe não pode ter vergonha de explicar para os filhos desde pequenos o que são as partes íntimas da criança e que ninguém pode mexer nessas partes íntimas e que elas também não podem mexer na de ninguém. E também lembrar as crianças de que a boca é uma parte íntima, porque muitas vezes desprezamos essa questão e não falamos com nossos filhos. Outro ponto é desenvolver com o filho uma relação de confiança e se ele contar o que está sofrendo não desacreditar o que está contando e muito menos bater na criança. Bater não educa”, concluiu.