Um dos diferenciais do Projeto Eu Tenho Voz é a capacitação feita com educadores e professores, ampliando o conhecimento e o debate sobre o tema para que possam lidar com a questão da violência e do abuso sexual da maneira eficaz. Nem sempre os corpos docentes das escolas estão preparados para lidar com os conflitos decorrentes do abuso sexual de crianças e adolescentes e direcionar soluções de casos denunciados. Por isso, o Curso Básico de Combate ao Abuso Sexual, Físico e Psicológico de Crianças e Adolescentes oferecido pelo IPAM é uma ferramenta para que os educadores que receberão as ações do projeto saibam como detectar atos abusivos ou negligentes praticados contra crianças e adolescentes, e as maneiras de encaminhar os casos existentes.

De acordo com o artigo 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), professores e responsáveis por instituições de ensino fundamental, pré-escola ou creche têm a obrigação “de comunicar à autoridade competente os casos de que tenham conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente”. Porém, no dia a dia, isso acaba não acontecendo por medo ou até mesmo falta de conhecimento sobre como proceder.

Para que o combate seja efetivo, é preciso que os educadores tenham o olhar sensibilizado para observar os sinais que, embora muitas vezes estejam velados, podem aparecer de diferentes maneiras. De forma física, como hematomas e machucados, doenças constantes, dores em órgãos sexuais, roupas rasgadas ou manchadas, ou de forma comportamental e psicológica, como instabilidade emocional, mudanças de hábitos e de humor, indícios de sexualidade precoce, alteração na frequência e desempenho escolar, mudança na forma de se relacionar com os colegas, entre outros. Todos esses sinais devem ser tratados como possíveis indícios de abuso pelos educadores.